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Atanásio contra o mundo
02:28
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Manda o teu Derrida p'ró Inferno
que aqui levamos isto a sério
E porque não estás acima das regras
ou nos dás sins ou nos dás negas
A cabeça vem baixa mas a coroa não esconde
Rei do Olimpo do não sei/não responde
Descontrução aqui já não pega
Ou pegas no martelo ou pegas na rega
P'ra quem se cansou de brincadeiras de míudo
e precisa de um sismo bem profundo
que realmente abale tudo
Eis Atanásio contra o mundo
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2. |
Amamos Duvall
03:13
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De certeza que os machos dos Países Baixos
quando do mar inventaram o seu País
Colocaram alto o tacão do salto
e sem problemas empinaram o nariz
Resta-nos somente o mesmo descaramento
para construir bem alto a torre na raiz
Amamos do céu, amamos da terra
Amamos até quando cheira a napalm
Amamos quando queremos, amamos obrigados
Na depressão nós amamos Duvall
É claro que o herói ri mesmo quando dói
porque se habituou a unir o que não condiz
E nessa surpresa tem toda a certeza
que nunca a ilusão a aparência diz
Porque estamos falidos, estamos persuadidos
seremos indemnizados pelo próprio Juiz
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3. |
Sirenata
04:30
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Como sacam canções de amor
as pessoas que só dão estrilho?
Para derramar o seu coração
têm de usar a clave do sarilho
Sem unhas para guitarra
invadem o quartel dos bombeiros
Fazem das buzinas mais estridentes
seus próprios cancioneiros
Onde não há diva, há saliva
Onde não há ouro, lata
Na tontura falha o tom
mas nasce a sirenata
No que diz respeito ao sopro
não há uma corneta que sobre
o asmático até nos peixes da capital
bons pulmões descobre
Para que todos serenem na sirene
para que não seja rumor o romance
para que não se amorteça o amor
no mais alto alarme chancelamos a nossa chance
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4. |
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Recordo os Entre Aspas
num concerto na Portela de Sintra
Daqueles que a Câmara fazia à pala
e toda a Linha lá caía
Bastava a primeira malha
ter a batida mais abrir
que logo se instalava
o mais medonho mosh pit
E os rapazes do pouco fazem fogo
Com os rapazes a ignição é logo
Não tínhamos mais de 15, 16
e protegíamos as nossas irmãs
Uma mistura de Teddy Boys
com os melhores escrúpulos do clã
Vimos os Resistência e os Delfins
Capitão Fantasma e Madredeus
Ritual Tejo e Trovante
Não fazes fita quando a entrada é gratuita
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5. |
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Viver lisinho, esmagado
Cem por cento agraciado
Um Palácio sensato
Sob o sapato
E ter nas correntes
valiosas serpentes
que nos mordem com dentes
sempre tão valentes
P'ra nos tatuar
e nunca olvidar
a morada que temos
e que imerecemos
no endereço o inquilino
será sempre impelido
a afirmar
que somos rãs nos aposentos de Reis
Viver sem vocabulário
p'ra descrever o cenário
condenado a calar
p'ra não desinterpretar
Porque a tradução
será sempre traição
Uma poeira sem voz
p'ra dizer o que vai em nós
Sentir a pele fininha
quase a rebentar
com o recheio cá dentro
sem espaço pra aguentar
Na alegria o usuário
rasga o questionário
p'ra resumir
que somos rãs nos aposentos de Reis
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6. |
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(Para o Manel e para o Pedro.)
Num palmo abaixo de água
Vi o teu rosto bem
Foi quando saíste do chão
que realmente te encontrei
Estava eu e a família
na mesma condição
As lágrimas nos nossos olhos
vinham da tua submersão
Para todo este pó
Para toda esta sede
Não chega uns pingos só
Precisamos de um rio sem rede
Não somos homens rijos
Somos homens de água
Não somos homens fortes
Somos homens de água
Não somos homens de ferro
Somos homens de água
E até no nosso enterro
seremos homens de água
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7. |
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Não dês por ti
numa casa sem vista para as trincheiras
onde esqueças os alicerces
das tuas maneiras
Não lembrando
que o lar é onde a guerra está
Porque o doce do aço
jamais amargará
Os vizinhos constituiram
associação de moradores
Para fazer turismo rural
da câmara dos horrores
E ao menos sabes
que quando ouves o bombardeamento
Estás junto da pátria
do teu nascimento
Não dês por ti
numa casa sem vista para as trincheiras
onde te faltem olhos
para as paisagens verdadeiras
Porque os registos dos
territórios pacificados
são bonitinhos
mas estão photoshopados
A tolerância do regime
com lotes em liquidação
Pra convencer que são donos
os escravos da especulação
Não são os passarinhos
que tu ouves a cantar
"bom dia" dizem os canhões
"que o mundo está a acabar"
Não compres
o mundo está para acabar
Não arrendes
o mundo está para acabar
não vendas
o mundo está para acabar
não precisas de lar
se o mundo está para acabar
Não há cá trips
no Pós-Apocalipse
É Roma sem Pax
Este quintal do Mad Max
Tu nunca te alarmas
com porte de armas
Qualquer sítio é o teu lar
quando o mundo está para acabar
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8. |
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Quando a animação te tira a disposição
e te dá desilusão quando sai da loja o patrão
Eu vou (4X)
Eu vou coreografar essa boa detonação
A alegria não vai lá com muita conversa
A alegria para ser pura tem de ser travessa
P'ra mim (4X)
A alegria é disciplina em forma de motim
O que é que se passa contigo?
A boca diz "sou feliz" mas o corpo dança castigo
Está tudo ao contrário
Só convences quandos és mais alegre que o adversário
Discurso ritmado sem pulso
Palavra, todos ouvem ninguém grava
Eu sei (4X)
Com tanto moscamortismo dás fraco fora-da-lei
Notório parlatório
A pistola está no coldre e o cowboy no suspensório
Só dorme (4X)
Medalha de bailarino sem vida no uniforme
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9. |
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Quando não sabes se és daqui, se és dali
Ao menos dança como David
Quando não sabes quem é que gosta de ti
Ao menos dança como David
Dança sem casaco, dança sem pudor
Quando David dança, dança o amor
Dança sem casaco, dança sem pudor
Quando David dança é para o Criador
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10. |
Miudagem, como é que é?
01:37
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De Lutero a luta, de Agostinho o gosto
de Aquino a esquina, de Lewis a letra
de Spurgeon a espora, de Vieira a veia
de Kierkegaard o kicc, De Ockham o OK
Miudagem, como é que é?
Não há equipa mais dura
que a deste plano nacional de leitura
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11. |
Rocha no coração
02:48
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Quando ninguém sente nada por mim
ouço a cançao até ao fim
quando ninguém quer saber de mim
ouço a canção até ao fim
Rocha no coração
Rocha no miolo
rocha no rim
tá ruim (3X)
Quando ninguém faz nada por mim
Ouço a canção até ao fim
E há vezes que é só a canção
que sente e sabe e faz por mim
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12. |
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Por cada tropeço no compasso
Pela dança que me desengonça
Farás de todos os meus deslizes
Coreografia certa para o que dizes
E mesmo quando me vem à memória
o refrão castiço
que diz "aids, pop, repressão,
o que é que eu fiz para merecer isso?"
Contigo sou agradecido
Contigo sou sempre agradecido
Tudo passa, tudo passa
Só não passa a graça.
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